O fotógrafo

A fotografia foi a grande paixão de A.R.L.; sua pintura nasceu de suas fotografias – as poses frontais e estáticas dos retratos pintados são as mesmas poses paralisadas das fotografias que fazia, e suas primeiras pinturas foram fotografias em branco e preto coloridas à mão.
Roseno retomou em pintura alguns dos mesmos temas que já havia fotografado antes, como no quadro “Menino”, por exemplo. A paixão por esta arte foi ampliada pelo contato com as imagens das revistas, jornais, embalagens e anúncios que tanto o seduziam, e eram reproduzidas, então, em pinturas nas latas que catava do lixo.
A.R.L. repetia a sua assinatura e a sua profissão de FOTÓGRAFO, seu orgulho, centenas de vezes, sobre as aparas de cartolina que sobravam dos desenhos, como se bordasse um tecido infinito enquanto rezava repetindo seu nome para si próprio e para os outros, afirmando e reafirmando seu nome, sua identidade, seu trabalho, sua profissão.
Sabia que aquele que sabe assinar o próprio nome não é mais um analfabeto, e que aquele quem tem uma profissão não é mais um marginal.