

Onças e vacas
A porção mais lírica da obra de A.R.L. reside nas séries em que o artista representa os animais, revisitando figuras de sua infância. A temida onça, objeto de medo e reverência no sertão nordestino, aparece em dezenas de quadros e inúmeras perspectivas. Pássaros do agreste, como o jurota, também ocuparam, ao lado de sereias, girinos, araras, tucanos e jumentos, espaço generoso em sua obra. A história de Roseno é sua fonte.
Na série de onças, o ponto foi usado como figura, isto é, representando as pintas das onças e constituindo um padrão de pontos pretos sobre fundo geralmente branco em um modelo decorativo observado em artistas ditos primitivos e em algumas pinturas indígenas.
A vaca apareceu em suas pinturas dos anos 70, voltando outras vezes representada de diferentes formas: como uma imagem infantil de história em quadrinhos, como um mapa de cortes de açougue ou sintetizada em traços que poderíamos chamar de “picassianos”.